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Mostrando postagens de agosto, 2020

Simplesmente desviver pareceu mais legal 24 de agosto, 2020

  As pessoas sabem pouco sobre a morte, mas, se pudessem discorrer sobre isso, teceriam muitas opiniões, inclusive sobre como se deve comportar diante dela... Abriu seus olhos lentamente... As pálpebras estavam pesadas, havia uma massa liguenta de muco que impedia seus olhos de enxergarem desanuviadamente... Naquele instante lhe ocorreu que estivesse morto porque tinha muita gente chorando e não conseguia ter certeza se era assim para todos, mas em geral, pelo que sabia da vida, as pessoas sempre resolviam chorar por quem morreu. Era diante da morte que lhes vinha o desejo de pedir perdão por tantas coisas: pela falta de gentileza, pala falta de paciência, pelo desamor, por um alívio inconsciente, por pensar nos projetos com a herança que iriam receber, por se verem sozinhas pra terminar de criar os filhos, por revolta por terem sido abandonadas, por não saberem o que fazer sem aquele ser cuja vida terrena se esvaía. Os que estavam no leito de morte, em geral também pediam perdão, mas

Só tem mulher quem pode 16 de agosto, 2020

  Esse texto começou a ser gestado ainda na época das últimas Olimpíadas e como vários outros ficou na caixinhas dos guardados, dos vários protótipos de textos que coloco na pasta “textos em andamento” porque sempre acredito que tem algo ainda mais para acrescentar-lhes... Algo a mais ainda por se dizer... Então assistindo às Olimpíadas, à ocasião, eu comecei a observar aquela mulherada porreta se destacando muito, mulheres fortes, muitas delas mães e esposas dedicadas, todas elas filhas, amigas, mas sempre, fortes e certas de seus objetivos. Percebi que a maioria dos homens que comentavam no esporte eram incapazes de perceber as mulheres que personificavam aquelas maravilhosas mulheres atletas. E também que, a maioria dos homens com os quais eu convivia naquele período (que eu chamo de “meus homens”), excetuando-se os meus amigos gays obviamente, era incapaz de perceber as mulheres que estavam ao seu redor, aquelas com as quais tinham mais trocas. Em geral, deixavam transparecer cla

Ao papai 8 de agosto, 2020

  O tempo é de fato o remédio mais curador, que ingerimos conforme nossa bula interna prescreve. Não é possível aprender com o tempo dos outros... Somos impacientes com nosso tempo e com o tempo necessário aos outros. Mas quando finalmente, nossas doses de tempo fazem efeito, é como se o caminho todo percorrido se iluminasse. Infelizmente, somos pouco sensíveis ao amor, mas a dor, depois de passado o tempo, grande ou pequeno, nos traz valiosas lições. Deveria ser diferente, mas para poucas pessoas é. Nessa relação de família, nessa relação com os pais, com o meu pai especialmente, porque é a ele quem desejo homenagear, criamos diversas teorias sobre como ela deveria ter sido e muitas vezes, levamos muito tempo para perceber que ela é o que acontece todo dia. Nos afastamos justamente daquilo ao que precisamos estar próximos para podermos compreender a razão de estarmos exatamente onde estamos. Vamos e voltamos. Muitas vezes esquecemos que justamente o que nos leva para longe é aquilo qu