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Mostrando postagens de maio, 2020

A pele de porco 17 de maio, 2020

Certa vez, numa dessas conversas informais que temos pra passar o tempo nas conexões de traslado em viagens, nessas conversas em que não há grande compromisso com o que se fala e se ouve porque as pessoas provavelmente nunca se encontrarão de novo, um barbeiro me segredou seu desejo, quase que diário, de passar a navalha na jugular de seus clientes. O que ele disse, algo mais ou menos como, pra alguns ver o sangue é um pavor, pra mim é um gosto, naquele instante me fez vê-lo como uma pessoa bem estranha... Provavelmente ele seguiria sendo barbeiro, sem matar ninguém, ou não... E de fato, causa estranhamento tudo aquilo com o que não simpatizamos, ao menos em nível consciente, mas que de alguma forma, é latente em todos os humanos. Isso me fez pensar mais uma vez sobre a empatia, porque há experiências, dado o contexto em que vive cada pessoa, que são inimagináveis, ao menos, em nível consciente. O desejo de matar é recorrente pra muitas pessoas, as comuns e as psicopatas. A ideia de ap

Um dez de maio de mães - 10 de maio, 2020

Que sejamos bons filhos para nossas rainhas! Eu sinto saudades sempre! Mas hoje, mais de 25 anos depois, a saudade se transformou em outra coisa que nem sei explicar o que é... É mais uma vontade de sentar e conversar sobre como é ser mãe do que sobre como é continuar sendo filha... Mas uma conversa que só ela poderia entender, não por ser mãe, mas por ser a minha mãe... Porque toda filha, de vez em quando precisa sentar e conversar com sua mãe... Acho que com o tempo, a vida vai mostrando a todas as filhas, que precisam ser mães... Mães de seus filhos, sobrinhos, animais de estimação, esposos, pais, amigos... Delas mesmas... Vai mostrando que os filhos não precisam vir delas para serem delas, mas precisam passar por elas, de alguma forma... Vai mostrando que uma mulher se torna mãe e vai sofrer pela perda de seu filho, ou pela perda da possibilidade de tê-lo... Não importa se ele se foi quando já era um adulto e já tinha sua família; se tinha seus vinte e poucos e a vida toda

Anosmia 3 de maio, 2020

“O que eu faço é imaginar, e na minha cabeça não existem cheiros ruins”. Lindo, porque é a visão de alguém que com propriedade pode falar da anosmia e de alguém que vê a vida com olhos de doçura... Mas existem cheios ruins sim.  A humanidade é cheia de gente diferente, diferente no pensar, no ser, no agir, mas diferente na fisiologia também. Não se trata de falar hoje de síndromes, mas de uma anomalia que pode ter diversas causas e que afeta a capacidade de sentir cheiros. Para alguns isso é quase irrelevante, porque se acostumam com a falta, para outros é bastante impactante, como se tivessem perdido algo, mesmo para aqueles que nasceram sem sentir cheiros, essa sensação de ter perdido algo pode se duplicar, porque sentem a falta de algo que nunca tiveram, como acontece com todos nós, em alguns relacionamentos, só pra termos um parâmetro de comparação à altura. Esta é uma condição de um número razoável de pessoas no mundo. De fato, eu fui procurar, mas os dados de saúde não mostram