Normalmente a gente anda
numa correria que esquece de como é sentir o vento tocando os cabelos, os raios
de sol acarinhando o rosto da gente... E foi assim que eu encontrei esses
garotos de alma bonita! Pra ver como as coisas são: tem coisa que a gente nem
sabe que vai ser, mas vai. E assim, no meio daquele atropelo, daquela correria
que todo mundo tem por precisar chegar na hora, que eu meio que “caí” no busão
do “Riu Tavarish” e avistei aquele último banquinho lá no fundo do corredor,
que era pra ser meu. No meu pensamento aquele banquinho ali é bem perigoso com
uma freada brusca porque não tem nem onde segurar, mas quando é assim, pra
gente ser plateia, ahhh, mas é lindo demais. Então de repente, eu “caí” sentada
ali naquele lugar e avistei de camarote, do melhor lugar da plateia, dois
sorrisos cantantes: um com a viola, outro com a caixa, outro com a viola, um
com a caixa! Não é coisa fácil de se fazer: tocar viola e batucar bem batucada
uma caixa, na sanfona do busão, naquele para e arranca do congestionamento e
ainda cantar afinado... Já comecei a ouvir e sorrir, sorrir sozinha. E já dava
pra sentir novamente a brisa nos cabelos e as acarinhadas do sol e depois, no
espaço de uma música, já tinha mais gente sorrindo, sorrindo pra mim, sorrindo
entre si, e eu já tava cantando junto o que eu sabia sem medo de deixar sair a
voz... Que mais eu haveria de fazer? Puxar as palmas!! Sim, é pra isso que
viemos ao mundo, pra puxar as palmas pra lindeza que é viver!!
As pessoas sabem pouco sobre a morte, mas, se pudessem discorrer sobre isso, teceriam muitas opiniões, inclusive sobre como se deve comportar diante dela... Abriu seus olhos lentamente... As pálpebras estavam pesadas, havia uma massa liguenta de muco que impedia seus olhos de enxergarem desanuviadamente... Naquele instante lhe ocorreu que estivesse morto porque tinha muita gente chorando e não conseguia ter certeza se era assim para todos, mas em geral, pelo que sabia da vida, as pessoas sempre resolviam chorar por quem morreu. Era diante da morte que lhes vinha o desejo de pedir perdão por tantas coisas: pela falta de gentileza, pala falta de paciência, pelo desamor, por um alívio inconsciente, por pensar nos projetos com a herança que iriam receber, por se verem sozinhas pra terminar de criar os filhos, por revolta por terem sido abandonadas, por não saberem o que fazer sem aquele ser cuja vida terrena se esvaía. Os que estavam no leito de morte, em geral também pediam perdão, mas
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