Toda vez que somos
privados, mesmo que temporariamente, da convivência com aqueles que amamos, que
temos afinidades, fico rememorando um sentimento que tenho: que maravilhoso
seria se pudéssemos estar sempre próximos fisicamente, morar num terreno bem
grande com casas com pequenos portões de acesso, dividindo o mesmo canteiro de
temperos, o mesmo pé de limão... Que bom seria se pudéssemos toda noite dividir conversas sobre a vida reunidos na
cozinha ao redor da mesa, comendo frango com quiabo... Que bom seria se
pudéssemos voltar a ser estrelas sem levar nenhum sentimento de tristeza. ..
Que triste é não saber quando será o último abraço e às vezes, não dar o melhor
da gente em todos os abraços....O meu último foi um abraço de alma... Feliz por
conversar uma última vez sobre a vida...
As pessoas sabem pouco sobre a morte, mas, se pudessem discorrer sobre isso, teceriam muitas opiniões, inclusive sobre como se deve comportar diante dela... Abriu seus olhos lentamente... As pálpebras estavam pesadas, havia uma massa liguenta de muco que impedia seus olhos de enxergarem desanuviadamente... Naquele instante lhe ocorreu que estivesse morto porque tinha muita gente chorando e não conseguia ter certeza se era assim para todos, mas em geral, pelo que sabia da vida, as pessoas sempre resolviam chorar por quem morreu. Era diante da morte que lhes vinha o desejo de pedir perdão por tantas coisas: pela falta de gentileza, pala falta de paciência, pelo desamor, por um alívio inconsciente, por pensar nos projetos com a herança que iriam receber, por se verem sozinhas pra terminar de criar os filhos, por revolta por terem sido abandonadas, por não saberem o que fazer sem aquele ser cuja vida terrena se esvaía. Os que estavam no leito de morte, em geral também pediam perdão, mas
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